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Apesar da queda mensal, setor de serviços continua sustentando o crescimento econômico

A perspectiva de afrouxamento monetário no terceiro trimestre faz com que a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) acredite em crescimento do setor de serviços como um todo em 2023. No entanto, por causa da taxa de juros elevada, do alto nível de comprometimento da renda com o pagamento de dívidas e da inflação (mesmo em queda, ainda em patamares acima da meta), a CNC revisou de 4,5% para 4,2% a variação do volume de receitas em comparação com o ano passado. No segmento do turismo, o crescimento deve superar os dois dígitos, mas a Confederação também reavaliou para baixo a expectativa de aumento, de 15,2% para 13,9%.

Em abril, o volume de receitas do setor de serviços recuou 1,6% em relação ao mês anterior, de acordo com a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada hoje (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado representou a maior contração mensal para meses de abril desde 2020, quando a queda foi de 10,9%, por conta das perdas inéditas causadas pela crise sanitária.

O volume de receitas do setor de serviços ainda está 10,5% acima do registrado em fevereiro de 2020. Em termos anualizados, o setor tem sido o principal responsável pelo avanço do nível de atividade econômica desde o primeiro trimestre de 2022. “Os números demonstram a importância dos serviços para a sociedade brasileira, que, além de ser o maior gerador de empregos formais, é também aquele que impulsiona a economia como um todo e foi o primeiro a iniciar a retomada de crescimento no pós-pandemia”, enfatiza o presidente da CNC, José Roberto Tadros.

Nesse sentido, ele lembra da importância de que o texto final da reforma tributária contemple as características singulares do setor para a implantação de uma alíquota diferenciada. “O Brasil precisa, sim, de uma reforma que reduza a complexidade do sistema, mas não há mais espaço para novos aumentos da carga tributária”, pontua Tadros. Além de ser relativamente menos impactado pelos ciclos de aperto monetário, o pico inflacionário dos serviços, que foi de 8,9% em julho do ano passado, é significativamente menor que o observado no índice geral de preços, que chegou a 12,13% em abril de 2022.

Preço das passagens aéreas puxam para baixo atividades turísticas

O índice das atividades turísticas (Iatur) teve a terceira retração mensal consecutiva (-0,1% na comparação com março deste ano). O economista da CNC Fabio Bentes fala que o custo de deslocamento é um dos principais motivos que seguram o crescimento do segmento. “A frequência dos reajustes das passagens aéreas tem contribuído para desacelerar a retomada setor”, explica. Com alta de 50,03% no acumulado de 12 meses até abril, o preço das passagens aéreas tem sido um dos itens de maior pressão no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atualmente.

Apesar disso, a reação do turismo no Brasil tem se mostrado consistente, com alta de 17% nos últimos 12 meses encerrados em abril. “Isso se dá mesmo com o aumento de preços e do custo do crédito mais elevado. Por isso, o volume de receitas já está acima do período imediatamente anterior ao início da pandemia”, analisa o economista da CNC. Há exatos três anos, o setor registrava perda de quase dois terços de suas receitas mensais na comparação com fevereiro de 2020. Em abril deste ano, mesmo diante das recentes quedas, o comparativo revelava variação positiva de 0,7% ante o período que antecedeu o início da pandemia.

Distâncias mais curtas

Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a quantidade de passageiros transportados pelas companhias aéreas ainda está 9% abaixo do período pré-pandemia nos voos domésticos e 19% aquém da quantidade de passageiros transportados em voos internacionais. “A recuperação do turismo tem se dado mais pela reativação do turismo doméstico do que pelo internacional”, afirma Fabio Bentes.

O economista aponta que a recuperação tem se baseado em uma mudança do perfil das viagens, com deslocamentos mais curtos. Nos voos domésticos, a distância média percorrida recuou 6% em relação a 2021. Nos internacionais, a redução foi de 17%.

Entre os 10 maiores aeroportos do Brasil, responsáveis por 76% dos voos, destacam-se aqueles com maior vocação regional, como Santos Dumont e Viracopos. Nesses aeroportos, as quantidades de passageiros transportados já superam os níveis pré-pandemia em 37% e 25%, respectivamente.


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